domingo, 25 de novembro de 2012

Desenho, em questão.


O desenho, enquanto disciplina, tem vindo a afirmar a sua autonomia e valor próprio, não subserviente em relação a outras formas de realização artística, mantendo, todavia, uma relação indestrinçável com estas. Como evidencia Gary Garrels, o desenho permite estabelecer relações entre a imaginação e a observação, entre percepção e materialidade, entre a mente e a mão. O seu caráter provisório e exploratório, a sua relativa mobilidade e relativo escasso custo, permitem que o desenho seja o perfeito laboratório para a re-invenção de possibilidades para a arte (Garrels, 2005, p.14). Como afirma John Berger, para o artista o desenho é descoberta (cit. Garner, 2008, p.25), funciona como um catalisador de mudança, como um meio ou processo exploratório, como forma de pensamento e resolução de problemas, fornecendo a cada instante desafios e caminhos de solução (Duff, 2005, pp.2-3). 


Existem diversos modos de desenhar e de pensar o desenho. Perante a consciência dessa diversidade, visível ao longo da história da arte e de indivíduo para indivíduo, e da nossa própria experiência do desenho enquanto laboratório, através do qual novas ideias, técnicas e processos artísticos são explorados, parece-nos importante compreender e organizar essa diversidade, explorando as suas implicações relativamente a aspetos tranversais do desenho. Para suscitar essa compreensão através da própria prática do desenho, sendo este encarado como processo de exploração e descoberta, foi concebida uma sequência de exercícios que pusessem em ação diferentes concepções de desenho, constituindo uma unidade didática que designámos de Desenho em questão.

Na concepção da sequência de exercícios considerámos aspetos transversais do  desenho como: o suporte, os elementos, materiais e meios pictóricos e suas interrelações (composição), e o sujeito, produtor e leitor de processos artísticos. Procurámos, através de uma sucessão de exercícios, tornar sensíveis as transformações que ocorrem nesses aspetos nas diferentes situações de prática do desenho que os exercícios encenam. A concepção dos exercícios teve como referência os processos artísticos presentes no trabalho de artistas que protagonizaram algumas das transformações que influenciaram o modo de fazer e entender a arte, em geral, e o desenho, em particular, ao longo dos últimos séculos (ver pesquisa).  

A unidade didática, Desenho, em questão, está organizada em três sessões, de duas horas cada uma, nas quais são articuladas diferentes posturas face ao desenho. A primeira sessão intitula-se Do desenho de observação ao desenho autorreferencial, a segunda, Do signo ao vestígio, e a terceira O desenho sem papel e de novo a imagem.



Fig. 1 - Cartaz de divulgação da unidade didática Desenho, em questão.


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