domingo, 21 de outubro de 2012

(3º semestre) registo de aula 03 (20 - 10 - 2012)


texto em diálogo:
Pazienza, J. (1997). Persistence of Memory: Between Painting and Pedagogy. In R. Irwin & K. Grauer (Eds.), Readings in Canadian Art Teacher Education(pp. 40-51). Quebec: Canadian Society for Education through Art.


Uma boa parte da aula foi dedicada à determinaçã dos dias dos workshops que cada grupo de trabalho irá realizar. Num empenhado esforço de conciliação dos interesses, limitações e disponibilidade de cada um e após várias reformulações, chegámos, por fim, a uma calendarização que satisfez todos os presentes:




Este momento da aula é exemplo de como através do diálogo, da partilha de ideias, vontades e limitações, do esforço conjunto para chegar a uma melhor solução, que envolve capacidade de negocição, tomadas de posição e cedências, se consegue chegar a consensos e a situações que satisfaçam minimamente os interesses de cada um e que não prejudiquem ninguém. Mesmo a Mariana, que não estava directamente implicada na situação pois irá realizar o workshop noutro grupo, esteve empenhada em contribuir para a criação de consensos e para a procura de melhores soluções. O trabalho colectivo e cooperante leva-nos a ter em consideração não apenas o nosso umbigo, mas os interesses dos outros em confronto com os nossos, a tentar estabelecer um equilíbrio entre eles, um diálogo.

Quanto ao texto em análise, estamos novamente em torno da relação entre as atividades artística e pedagógica, desta vez segundo uma perspectiva que mesmo sendo mais intimista, mais pessoal não deixa de ser reflectida, estabelecendo-se uma relação de reciprocidade entre a prática, o pensamento e a teoria, na qual se influenciam mutuamente, gerando transformações, melhorias, em relação às praticas e a compreensão sobre as mesmas. 

   

domingo, 14 de outubro de 2012

(3º semestre) registo de aula 02 (13 - 10 - 2012)

PROFESSOR ARTISTA / ARTISTA PROFESSOR, 
textos em discussão:
Hausman, J. (1967). Teacher as Artist & Artist as Teacher. Art Education, 20(4), 13-17.

Walker, S. (2004). Understanding the artmaking process: Reflective practice. Art Education, 57(3), 6-12.




O diálogo prosseguiu em direção à compreensão da noção de artista/professor e professor/artista desta vez partindo de dois outros textos. 

Da caracterização do professor como artista surgiu o questionar da aplicabilidade em contexto de sala de aula dessa forma de ensinar mais voltada para o aluno enquanto ser individual com necessidades especificas, com a sua forma especifica de construir a sua visão do, cada um com o seu caminho a trilhar. 
Uma dificuldade não é, contudo, uma impossibilidade. Há que delinear estratégias que permitam pôr em prática aquilo que entendemos ser relevante para os alunos, o que exige criatividade, coragem e reflexão, ou seja, uma atitude de aprendizagem constante e simultaneamente de transgressão: "o professor muitas vezes tem de agir na ilegalidade", comentava a Cristiana. 
Perante as dificuldades, julgo ser importante investigar, fazer uso de diferentes teorias, falar com outros professores, perceber que soluções encontraram em diferentes situações. 
No mesmo campo temático surgiu, através da partilha de uma experiência da Mariana, um outro aspeto sobre o ser professor relacionado com a camaradagem entre professores, a entreajuda, a partilha de dificuldades e a procura de soluções para os problemas que naturalmente surgem no quotidiano dos professores. Seria útil e proveitoso se os professores trabalhassem mais em conjunto, em equipa, na escola ou fora dela. Exemplo desse tipo de trabalho cooperado são os encontros regulares entre professores promovidos pelo Movimento da Escola Moderna promove encontros regulares, segundo um modelo de auto-formação cooperada.
Entendo que aprender implica uma melhoria, no pensamento e na ação, se enquanto professores procuramos melhorar a nossa ação, a forma como somos professores, então procuramos, a cada momento, aprender a ser professores, aprender a ser, a cada momento, melhores professores, nesse sentido a profissão de professor, tal como de certa forma a de artista, é uma profissão permanente em construção, profissão exercida num espaço, numa organização, também em construção, em processo de permanente aprendizagem, construção e criação. 
Segundo Hausman, o conceito de artista - professor não significa que todos os artistas sejam efectivamente bons professores. Porém, é certo que todos os bons professores demonstram uma considerável arte no desempenho da sua função. O que se entende por arte de ensinar? Hausman refere-se ao controlo qualitativo exercido por um indivíduo na organização e comunicação de determinadas ideias e sentimentos (Hausman, 1967, p.14).
É o professor quem estrutura os modos e os meios de lidar com o como, o quê e o porquê do ensino artístico e a sua estrutura, em qualquer nível de ensino, deve ter em conta um abrangente corpo de conhecimento e compreensão sobre a arte em si, sendo central o conceito do que é que constitui um problema artístico, suas limitações e possibilidades (Hausman, 1967, p.17).


  



  auto-retrato realizado durante a aula.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

(3º semestre) registo de aula 01 (31 - 09 - 2012)


PROFESSOR ARTISTA / ARTISTA PROFESSOR, 
professor vs artista? Uma síntese.


Textos em discussão:
Lowe, R. (1958). The Artist-as-Teacher. Art Education, 11(6), 10-19.

McCracken, W. (1959). Artist-Teacher: A Symptom of Growth in Art Education. Art Education, 12(9), 4-5.



Artista e professor podem ser considerados como profissões, profissões liberais(?) A profissão de professor, tal como a conhecemos hoje, é relativamente recente, surgiu de uma forma mais definida a partir do sec. XIX e está ainda num processo de afirmação, procurando libertar-se do "funcionarismo" e definir-se como uma actividade que exige um saber específico, poder de acção, ou seja autonomia, e reflexão, e que muitos autores aproximam das profissões/actividades de carácter artístico. Considerando o caso específico do professor de artes, esboçam-se as relações entre arte e educação como forma de conciliar duas profissões, procurando-se a sua natureza comum. Profissões que, ao coincidirem no professor e artista, podem surgir como conflituantes.
A aula, que decorreu num ambiente de mesa redonda, partiu precisamente da constatação da dificuldade em conciliar as actividades de artista e professor, geradora de fracturas internas e frustrações. Todavia, os textos apontam antes para uma identificação entre ambas, para o que há, ou pode  haver, nelas em comum, superando-se assim essa dificuldade de conciliação. Neste sentido Lowe refere que a vocação de artista e a vocação de professor, o desejo de ensinar e a a exigência de criar são impulsos paralelos e não divergentes, antes partilham uma fonte/raiz comum, são viagens similares ao desconhecido e sustêm os mesmos frutos da auto-exploração e auto-descoberta, pelo que a sua separação não faz sentido. 


"His single vocation is directed towards an exploration of that primordial human force which we have come to call creativity, and his teaching as well as his artistic labors must be a concrete demonstration of the significance of that creative force for human life "(Lowe, 1958,p.11). 

Lowe considera que essa força criativa que se pretende que se desenvolva nos alunos é um processo interno que surge das profundezas da consciência humana do qual as ideias, opiniões e juízos são meros reflexos superficiais. Assim o artista professor deve ensinar pelo método mais directo,  através da iminência do seu próprio trabalho e ações, afastando-se da verbalização fácil.


"The artist-as-teacher is practicing here a kind of spiritual midwifery. Resisting the demands of the student and avoiding the morass of verbalization, he continues quietly about his work, awaiting the birth in the student's mind of a new and more profound understanding" (Lowe, 1958,p.19). 


A minha experiência enquanto educadora na área artística foi o princípio da descoberta de uma vocação. Vocação essa, que me parece ter surgido precisamente da minha forma de ser artista, mais específicamente no que há dela de relação ou comunhão com o outro. Defino-a, por uma lado, como uma certa sensibilidade, uma certa atenção ao contexto: físico, social, humano, em especial às necessidades desses contextos específicos, por outro lado, como predisposição à descoberta: o ir, apesar do medo, de uma forma atenta, desperta, por caminhos que não sabemos previamente onde nos levam, e que identifico com uma atitude de aprendizagem permanente, como uma atitude aberta, disposta a conhecer, disposta à transformação, uma atitude criativa, artística.