domingo, 25 de novembro de 2012

Desenho, em questão: reflexão conjunta.




O pensamento crítico e reflexivo implica uma avaliação permanente de crenças e princípios a partir de um conjunto de dados e da interpretação desses dados (Oliveira & Serrazinha, 1999, p.3). 
De forma a recolhermos dados cuja fonte fosse apenas as nossas impressões subjetivas sobre a realização da unidade didática Desenho, em questão, foi concebido um instrumento de diagnóstico que nos permitisse avaliar, por um lado, nos participantes as aprendizagens desejadas e, por outro, o sucesso da unidade didática em relação aos objetivos a que se propunha. Considerando a avaliação realizada por oito dos dez participantes, sendo que, entre os oito, dois participaram nas três sessões e cinco nas duas últimas, mais especificamente, a primeira parte da ficha de avaliação, onde são avaliados pelos participantes aspetos que se prendem com os principais objetivos da unidade, segundo uma escala entre 1 e 5, correspondente respetivamente a nunca e quase sempre, foi concebido um quadro, exposto em baixo, que nos permite observar e confrontar a avaliação realizada pelos participantes, identificados  maiúsculas. As médias por objetivos apuradas (m/o) permitem-nos concluir que a unidade Desenho, em questão promoveu quase sempre a reflexão sobre o desenho; proporcionou frequentemente a exploração de práticas e concepções de desenho desconhecidas dos participantes, o que evidencia a sua pertinência; os exercícios práticos foram frequentemente impulsionadores de uma compreensão aprofundada sobre a mesmo; a estratégia utilizada foi frequentemente motivadora e mobilizadora de novas aprendizagens, o que possibilitou quase sempre a construção de conceitos de desenho a partir das experiências propiciadas pela sequência de exercícios que constitui cada sessão.      


Objetivos
Participantes

A
B
C
D
E
F
G
H
m/o
Promoção da reflexão sobre o Desenho.
5
5
4
5
5
5
4
5
4,7
Abordagem de concepções e práticas do desenho desconhecidas para os participantes.
4
4
3
5
4
5
4
5
4,2
Prática do desenho geradora de uma compreensão aprofunda do mesmo. 
5
4
4
3
5
5
4
5
4,3
Estratégia motivadora e promotora de aprendizagens.
5
4
3
4
5
5
5
5
4,5
Construção de conceitos de Desenho a partir das experiência propiciadas.
4
5
5
5
4
5
5
5
4,7

Fig. 1 - Tabela de resultados da avaliação de objetivos pelos participantes. 
Escala: 1 - Nunca | 2 - Raramente | 3 - Às vezes  | 4 - Frequentemente | 5 - Quase Sempre
M /o: média por objetivo. 
A análise dos resultados da participação e reflexões realizadas pelos participantes oralmente, no decorrer das sessões, e por escrito, no final da unidade didática, a que corresponde a segunda parte da ficha de avaliação, permite-nos concluir que, apesar da heterogeneidade dos participantes relativamente às idades, níveis e áreas de estudo, verificada mais intensamente na primeira sessão, o objetivo de alargar e enriquecer os conceitos sobre o que pode ser o desenho e sobre a arte em geral, através da prática artística e da reflexão, foi conseguido de forma muito satisfatória. O sucesso da unidade e o empenho e entusiasmo manifesto pelos participantes ao longo das sessões, não desmobilizado por um eventual “elevado” grau de exigência e complexidade dos conceitos abordados, parece-nos ser um indicador da necessidade e pertinência deste tipo de abordagens principalmente no contexto da educação artística, mas também, no contexto de ações de sensibilização e formação de públicos, enquanto “leitores” artísticos, podendo contribuir para um conhecimento e compreensão transversal das artes visuais, com diferentes níveis de profundidade, no sentido em que são explorados diferentes processos e suas implicações e não, especificamente, correntes artísticas ou práticas de alguns artistas, embora os processos  e concepções abordados tenham procedido da sua análise. 
Em conclusão parece-nos fundamental num ensino artístico que se pretende actual, ou seja, atento à realidade de que faz parte e que de certa forma contribui para construir, e perante a diversidade de concepções e práticas artísticas, que se tem agudizado desde as vanguardas artísticas, com contornos mais individualizados e multiculturais na era pós-moderna, o desenvolvimento a nível curricular de abordagens transversais que integrem essa mesma diversidade de uma forma organizada, sistematizada e pedagogicamente eficaz, tendo como objetivo geral expandir as ideias, o pensamento artístico, suas práticas e a compreensão destas, visto que para a arte como para o seu ensino não há modelos ou formulas predefinidas a serem seguidas e mantidas através do ensino. Esta percepção e vontade surge da constatação, a partir das nossas experiências pessoais enquanto alunas e professoras, que o ensino artístico, no seu conteúdo e forma, está ainda obtusamente imbuído de academicismos (clássicos ou contempâneos) que urge desconstruir.

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