sábado, 24 de novembro de 2012

Prática profissional supervisionada: regresso à "António Arroio"...




...por ocasião do meu primeiro encontro com a professora que vai cooperar na realização da prática profissional supervisionada, Fernanda Soares, minha ex-professora nesta mesma escola à cerca de 15 anos atrás. 

Noto que a escola está, fisicamente, "demasiado" diferente, não parece a mesma: o emblemático painel que encimava a entrada da escola foi deslocado para esquerda, a minha estranheza foi tal que levou-me a perguntar se a entrada tinha sido deslocada e não o painel. "AMO-TE" desapareceu da fachada, espero não dos corações. Do interior apenas reconheço as escadas que dão acesso aos vários pisos e o chão. Sinto a nostalgia de um tempo ido não reencontrado na memória que os espaços físicos sugerem. 

O ambiente parece descontraído como antes. 

Não sei ainda o que vou fazer com os alunos, quero primeiro conhece-los, sentir o contexto, a forma de estarem, o que a Fernanda vai trabalhar com eles durante o ano, para assim conceber algo que vá tanto ao encontro do que pretendo desenvolver enquanto professora como do que está a ser explorado pelos alunos no contexto do desenho, articulando, inevitavelmente, com os conteúdos definidos no programa de desenho A para o 11º e 12º. 

Nem tudo tem ou deve estar predefinido, ou, colocando as coisas de uma outra forma, fica definido que é necessário que haja espaço para o imprevisto, para as ideias que possam surgir, enfim, para a criação. Também a concepção de exercícios possui uma dimensão artística, criativa, que parte da relação de vários aspectos ou factores: a área de conhecimento e a forma como o professor se posiciona em relação a esta, a sua concepção de pedagogia, o programa definido nacionalmente e a planificação definida pelo grupo de docentes da área ou disciplina.   

A Fernanda fala-me de um exercício que está a fazer com os seus alunos que surgiu da constatação de que  estes habituam-se a trabalhar com formatos de papel maiores e quando se deparam com formatos mais pequenos atrapalham-se, para contrariar esse hábito e preparar melhor os alunos, a Fernanda propôs-lhes que fizessem alguns desenhos em folhas muito pequenas, desses desenhos escolheriam alguns que depois seriam expostos em pequenas caixas de fósforos. Um tal formato obrigaria os visitantes a uma relação mais estreita com os desenhos expostos, a inclinarem-se sobre eles. Da imagem dessa inclinação dos visitantes, surgiu de um dos alunos, em jeito de provocação, a ideia de se fotografar o rabo dos visitantes. A Fernanda, aproveitando a jocosa ideia do aluno, tomou-a como mote para a exposição que sucederia a das caixas de fósforos, à qual poderia depois suceder outra ideia que daria lugar a uma outra exposição, e assim sucessivamente. Interessa-me essa abertura que permite que das coisas nasçam coisas...





Poema de Vieira da Silva, gentilmente legado pela Fernanda Soares.

Obrigada Fernanda...






Prática profissional supervisionada, 26 de Setembro de 2012. 

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