domingo, 4 de março de 2012

registo de aula 02 (03 - 03 - 2012)




A aula foi dedicada à leitura das cartas a um(a) professor(a), a atmosfera foi intimista, de partilha de memórias carregadas de sentimentos, de reflexões, de projeções sobre o papel dos professores, da escola, dos aluno e da educação em geral. 

A escrita da minha carta foi adiada o mais possível, acontecendo na noite anterior à presente aula, já deitada, impulsionada pela obrigatoriedade e tensão gerada pelas várias questões, dúvidas que foram surgindo acerca da realização deste exercício: Para quem escrever esta carta? O que realçar no decorrer de todos estes anos de estudante (estado agora retomado)? O que me marcou mais enquanto aluna? O que escolher entre todas essas experiências que em parte me formaram, me transformaram? O que é no sentido mais lato o ser professor? 


Escolhi o que se apresentou, no momento, mais premente: uma professora e algumas situações que permanecem na minha memória por razões não positivas mas que são susceptíveis de gerar reflexões críticas e construtivas que me pareceram pertinentes na medida em que espelham uma visão do professor e  da educação dominante em Portugal, presente em quase toda a minha experiência enquanto aluna e que acredito ser importante perceber e questionar. 

Dando continuidade ao pensamento e a propósito da diversidade das cartas escritas, havendo colegas que as dirigiram a diferentes entidades desde a avós ou a alunos, dos comentários e pensamentos que as leituras e a própria natureza do exercício suscitou, na medida em que desconstrói a concepção tradicional de professor, tomando-o como um processo que se constroi a partir de várias experiências, nomeadamente aquelas tidas enquanto alunos, e procurando problematizar ainda mais o conceito de professor recordo o pensamento de Joseph Beuys, em especial o seguinte excerto do livro Cada Homem Um Artista.

"O que afirmo é que cada ser humano é uma consciência totalmente particular, uma possibilidade. E essa possibilidade não está fechada. Pode desenvolver-se para tornar-se maior. E a melhor forma é mediante um processo de educação e informação. Mas esse processo de educação, mais uma vez, não tem de ser autoritário, mas deveria acontecer de maneira oscilante entre as pessoas, ou seja, como uma relação universal do professor e do aluno. Entre os seres humanos. Tão Universal, no fundo, que se possa dizer que a linguagem é o professor. Isto é, no momento em que falo sou momentaneamente o professor. E, quando escuto, o aluno. ( ...) Que se vença o mutismo entre as pessoas, que se supere a sua alienação e o seu distanciamento." 


Joseph Beuys, in Cada Homem Um Artista.








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