Passeio após a aula por ruas que teimo em desconhecer os nomes, subo, antes de chegar ao "Camões", em direcção ao "mirad'ouro". O sol bate lá em baixo, desço e sento-me no banco semi-circular para me alimentar do seu calor e das frutas que trago comigo. Três crianças brincam, entre risos e choros que se intercalam sem razão aparente.Escuto, uma música, distante, da esplanada:
Hey, Teacher, leave those kids alone!
All in all it's just another brick in the wall.All in all you're just another brick in the wall.
We don't need no education.
We don't need no thought control.No dark sarcasm in the classroom.
Teachers, leave those kids alone.
Hey, Teacher, leave those kids alone!All in all you're just another brick in the wall.
All in all you're just another brick in the wall
Retomo a didáctica: os diferentes, poderá dizer-se, tipos de professores. A música associa-se à carta à professora partilhada hoje pela Eliane que, por sua vez, eu associara aos dois anos que inauguraram a minha experiência escolar. Retrato o tipo de professor(a): autoritário, que "educa" pelo medo, pelo abuso do poder, pela violência psicológica e física, práticas correntes na época - Hey, Teacher, leave those kids alone! We don't need no education... - Dessa não, certamente.
Outras mentalidades, outras, presentemente mais adequadas (?) a uma compreensão mais "humana" do ser humano e do sentido e propósitos da educação, uma educação respeitadora do indivíduo, por isso também mais respeitada (?), mais dialogante sem necessidade de se impor, de constranger. Uma abordagem da educação que, acima de tudo desperte nos alunos o gosto em aprender (?), em aprender a ser, que é promover a auto-realização de cada um e desenvolvimento pleno dos seus potenciais!
Retomo a aula: a história do ensino de professores em Portugal, do ensino em geral e do ensino artístico em particular, as teorias e práticas adoptadas, as mudanças. Perspetivo as referências históricas, detecto conhecimentos que se perdem ou ganham. O contacto com a pessoa experiente (dirigente, cooperante) que pode por um lado impor a sua experiência ou partilha-la enquanto referência a ser pensada e reformulada pelos alunos, futuros, ou muitas vezes já presentemente, professores. Recordo a aula passada de Introdução à Prática Profissional, da capacidade do professor em partilhar, de forma aparentemente imprevista, formas interessantes (para os alunos) de proporcionar aprendizagem, de gerar raciocínio, intuição, imaginação, formas com as quais não contactei enquanto aluna. Valorizo a partilha desses conhecimentos, reconheço a sua riqueza, reconheço o seu propósito, explícito ou não: a aprendizagem, nossa, pelo exemplo, pelas referências que não se impõem de forma directiva, são antes partilhadas e reflectidas.
Trago um livro comigo, Escola da Ponte, Formação e Transformação da Educação, de José Pacheco, aprecio as correspondências. Nele encontramos um tipo de formação que teve lugar por volta de 1976 à qual Pacheco se refere como busca de alternativas e que se convencionou designar por "círculo de estudo". Cito um relato transcrito no livro que vai de encontro às reflexões quer sobre a educação em geral quer sobre a formação de professores:
"Fui educada para comer, ouvir e calar e a formação continuada tradicional é um massacre. As pessoas não podem ser pessoas e passam as horas a treinar-se em algo que lhes dizem terem de ser. Sempre gostei da formação se eu a quiser. Gostaria de saber qual é o segredo da Escola da Ponte, que oportunidades de formação são dadas aos professores da Ponte, o que os faz serem diferentes." (p.10)
Mais uma vez o contraste entre um ensino normativo, autoritário, directivo, e um ensino dialogante.
Trago um livro comigo, Escola da Ponte, Formação e Transformação da Educação, de José Pacheco, aprecio as correspondências. Nele encontramos um tipo de formação que teve lugar por volta de 1976 à qual Pacheco se refere como busca de alternativas e que se convencionou designar por "círculo de estudo". Cito um relato transcrito no livro que vai de encontro às reflexões quer sobre a educação em geral quer sobre a formação de professores:
"Fui educada para comer, ouvir e calar e a formação continuada tradicional é um massacre. As pessoas não podem ser pessoas e passam as horas a treinar-se em algo que lhes dizem terem de ser. Sempre gostei da formação se eu a quiser. Gostaria de saber qual é o segredo da Escola da Ponte, que oportunidades de formação são dadas aos professores da Ponte, o que os faz serem diferentes." (p.10)
Mais uma vez o contraste entre um ensino normativo, autoritário, directivo, e um ensino dialogante.
Retomo a aula: mais uma vez as 3 horas passam por nós sem delas nos apercebermos, uma sensação partilhada com a Sofia na pausa para um cigarro e partilha de outras sensações: saltimbancos sem raízes, o fazer a sua casa um qualquer lugar do mundo, (a condição dos professores?). O ambiente familiar e intimista, somos sete alunas e a professora, facilita a partilha e a reflexão, a camaradagem (?).
Reflectimos: são diversos os propósitos, as abordagens, as motivações, as práticas, as concepções em educação, parece-nos importante, partilhamos, haver uma integração, mais que uma exclusão, do que de mais proveitoso e construtivo pode haver em cada uma das perspectivas que contribua para concepções mais abrangentes e completas de educação, é importante gerar consensos(?).
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