A presente aula, a minha primeira, suscitou-me a reflexão que se segue dando continuidade ou retomando as reflexões que fizera recentemente por ocasião do trabalho final de Didáctica do Desenho:
A didáctica envolve pensar sobre os propósitos da educação o que pressupõe inevitavelmente uma imagem do ser humano, que ser humano se pretende projectar para o futuro? E logo, que sociedade? Que mundo? O que implica por sua vez um posicionar político, no sentido em que se interfere na organização da vida pública, pois a escola enquanto contexto educativo, enquanto instituição e organismo público, é reflexo da sociedade ao mesmo tempo que participa, a cada momento, da sua construção, já que ela prepara e de certa forma molda os adultos de amanhã as sociedades, as civilizações futuras. O lugar do professor ou educador não é, por isso, um lugar neutro. A didáctica exige que o professor questione o seu lugar em relação aos alunos, o seu lugar em relação à educação em geral e a forma como a sua posição influência o como e o que ensina. Exige como dizia Paulo Freire uma ética.
Parecem-se vislumbrar duas direcções contrárias e determinantes desse posicionar do professor desenhadas na seguinte citação de Agostinho da Silva:
“Põe-se naturalmente para o educador o problema de preparar desde a escola o cidadão que as circunstâncias reclamam, dando-lhe ao mesmo tempo todas as faculdades de iniciativa necessárias pare que o mundo não pare e para que o indivíduo seja, não uma simples roda de máquina, não o passivo aceitador de tudo o que existe, mas, em todas as suas actividades um homem desejoso de novos horizontes.”
Agostinho da Silva, in "Textos Pedagógicos I" p. 235
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